terça-feira, 1 de novembro de 2016

O Pequeno Principe

Bom dia!

Por que o Pequeno Príncipe?

Quando comecei a ler a obra, vi que ali não continha uma história superficial, ou voltada apenas para o público infantil, ou apenas produzida com fins comerciais, mas uma narrativa pessoal, perdida num subconsciente de alguém que cresceu, mas que queria marcar para sempre, a sua essência, seus aprendizados e seus valores.

Tanta sabedoria e ensinamentos contidos numa história, que a primeira vista, podemos pensar que é voltada para crianças, mas, que ao longo da sua leitura, nos deslumbramos com valores etéreos, reais e simples... a simplicidade de uma criança que estava ali, guardada dentro das memórias de Antoine de Saint Exupéry.

Esse trabalho de leitura e análise sobre a obra O Pequeno Príncipe de Saint Exupéry, num primeiro momento, surgiu da curiosidade de compreender os valores, as atitudes humanizadoras, suas mensagens de amor e amizade. Porém, a pesquisa foi muito além das minhas expectativas. levei essa curiosidade mais além, envolvendo os meus alunos do 6o ano da escola em que ensino. 


Vi que teria muitos caminhos a percorrer com o tema, mas confesso que o que me encantou de verdade foi o fato de poder trabalhar a temática da Cultura do Rio Grande do Norte com ele.

Em nossas pesquisas descobri que há vários indícios de nosso herói ter pisado em terras potiguares. 
"voilà".  



"Um livro urgentíssimo para adultos"


O livro foi escrito e publicado em 1943, em Nova York, mas por um acaso do destino, não fora publicado em terras brasileiras, já que uma tradicional editora nacional havia comprado, mas que teve a infelicidade de desistir da sua publicação. Posso até imaginar a cara dessa editora ao vislumbrar, apenas no ano de sua publicação no Brasil, em 1952, nada mais, nada menos que mais de 4 milhões de exemplares vendidos! Infeliz desistência. 

Esse francês, piloto, com alma de artista, ilustrador e escritor, mostrou também a sua faceta de filósofo das temeridades humanas, das dificuldade do homem em perceber que o valor da vida está na simplicidade do "ser" e não do "ter", a não ser que o ter, estivesse unido a amizade.

Mas, porquê será que Exupèry, em suas palavras enfatizou o fato dessa obra, aparentemente "infantil", ser "Um livro urgentíssimo para adultos"?

O contexto de sua escrita se deu durante o grande conflito mundial, ou seja, durante a Segunda Grande Guerra. Imaginemos esse contexto, de desesperanças, da falta de amor, do esquecimento de valores humanos, das desilusões da vida adulta em meio a guerra. Nessas situações, "criar laços" de afetividade, de amizade é algo, porque não dizer, inimaginável. Pois foi no meio desse turbilhão de emoções e sensações que o nosso prodigioso  piloto encontrou o material necessário para descrever justamente aquilo que ele pensava para o humano. E são muitas as lições que podemos tirar disso tudo. É como a sua rosa, tão linda e perfeita, no meio do lodo, ou de mundo que brigava por suas futilidades encontrasse um tempo, para receber uma obra tão cativante e necessária para camuflar esse mundo real, duro e massacrante.

“ Eu procuro amigos. Mas, o que significa cativar? -É uma coisa praticamente esquecida por todo mundo - disse a raposa. -Significa criar laços”.

Um dos valores que mais me encantou nessa leitura foi o sentido de cativar... daí eu me pergunto e tento compreender, mas não me demoro muito a entender como e por quê uma obra alcançou tanto sucesso no período de Guerra Fria. Foram mais de 253 idiomas e dialetos de tradução, isso somente durante a década de 60, nem me refiro agora no século XXI!


Como trabalhar a obra com meus alunos? Em quais vertentes? Em quais disciplinas?

Pensei que não seria nada fácil, mas tinha certeza que seria prazeroso. A pesquisa nasceu com o objetivo de tema para a Mostra Científica e Cultural, mas principalmente do desejo de plantar a semente do bem, da leitura e do sentido de "criar laços de amizade e de amor" entre mim e meus alunos com a obra. Assim como o texto de Exupèry, foi um sucesso total. Todas as imagens postadas aqui foram utilizadas no trabalho de apresentação da obra.

As disciplinas que se envolveram com a nossa temática foram: a língua portuguesa, com minha querida amiga, a professora Liana Suelma, que logo se dispôs a leitura comigo e com eles da obra.
Em Filosofia, trabalhamos a questão dos valores, dos vícios e das virtudes.
Em Geografia, vimos os contextos geográficos, do deserto do Saara, da base de apoio que o RN estabeleceu com os Estados Unidos, trabalhando a intertextualidade da obra, com a História Mundial.
Em Cultura do RN, trabalhamos, e muito, os símbolos de representações do imaginário de Exupèry. Da sua provável doce presença aqui em terras potiguares e do nosso inenarrável Luiz da Câmara Cascudo.
Em Ciências, trabalhamos os seres da fauna, da flora, da questão ambiental, levantada pelos Baobás, tão singular na obra O Pequeno Príncipe, interdisciplinando com a Geografia, mapeando a ocorrência dessa árvore de origem africana em terras potiguares.
Em Arte, trabalhamos na construção de paineis, na confecção de lembrancinhas, na criação de maquetes, na leitura de textos escritos e desenhos, assim como, na verificação de animações. Lembrando da bela coreografia de abertura da Mostra pela coreógrafa Jaqueline Cunha.

Dado a finitude do tempo, finalizo por hoje a nossa pequena saga, em breve, contarei e postarei alguns de nossos melhores momentos e de tantos aprendizados que tivemos juntos, mas logo, logo, faleremos um pouco mais sobre esse projeto que se concretizou lindamente. Pois abordaremos cada aspecto que foi mencionado anteriormente.

Lembrando de uma das minhas preferidas frases do Le Petit Prince
"O essencial é invisível aos olhos, só se ver bem, com os olhos do coração."

Deixo de minha parte uma reflexão de que muitas vezes buscamos a felicidade em coisas tão fúteis, como se aquilo, ou isso fosse satisfazer as nossas necessidades e desejos de preenchimento de  vazios; que nada poderá preencher se não por valores verdadeiros, valores que não se compra com moeda, mas que é tão simples de achar: Deus, em primeiro lugar; a família; as verdadeiras amizades; a contemplação da natureza.
Quando todos nós deixarmos de lado a visão individualista ou egoísta de ser, poderemos sair de um mundo em que se valoriza as futilidades para um sentido maior de amar ao próximo e assim e entender que fazendo assim estamos nos amando também. 

Dayse Michelle Albuquerque.


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