quarta-feira, 29 de abril de 2015

Dia 29 de Abril – Dia da dança.

Desde os primórdios, em um passado longínquo, os seres humanos buscaram expressar suas emoções, seus estados de espírito de uma forma estética e artística, mesmo os nossos antepassados pré-históricos, sem terem mesmo a noção do que estética ou arte, essas emoções não passaram despercebidas:

A dança.

Dia-a-dia real e abstrato: registros em Seridó, no Rio Grande do Norte, têm formas variadas.
Foto: Assoc. Bras. de Arte Rupestre/divulgação

Hoje, 29 de abril de 2015, comemoramos mais um dia da dança. E como ela é um aspecto muito importante na cultura desde que o homem é homem, desde os textos mais antigos, como a Bíblia e em todo o transcorrer da História da humanidade, a colocaremos como destaque.
Em nosso estado do Rio Grande do Norte, temos vários sítios arqueológicos de arte rupestre que nos mostram o fascínio que a dança provoca nos seres humanos. A dança está relacionada com o ato de prazer, de alegria e da sensualidade.  Movimento, ação, suor, alegria e expressão são palavras que remetem à prática da dança.
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 Pintura dança dos índios tapuias, óleo sobre tela de Albert Eckhout 1641.

 

Na História da arte, a dança sempre ocupou um espaço importante e sempre se relacionando bem com as artes plásticas. Sem a intenção de passar em cada fase da história, mas apenas como algumas representações dessa poesia do corpo, veremos alguns dos artistas que a tematizaram.


Albert Eckhout 


No Brasil do século XVI observamos que a dança da população indígena ficou eternizada no mundo das artes na obra de Albert Eckhout. Imaginemos o exótico que foi a sensação do artista ao se deparar com uma cultura totalmente diferente da qual ele fazia parte. Certamente frequentador de salões de danças clássicas, como o balé, das cortes europeia, em que todos os bailarinos ou dançantes estavam bem vestidos. Ou mesmo da seminudez irreverente das dançarinas de cançã das noites parisienses. Essa sensação de ver e sentir um tipo de dança natural, de homens e mulheres nus em passos e descompassos. Alma, sensibilidade e artista, Eckhout não poderia deixar passar essa cena sem  eternizá-la.
A dança como expressão corporal possui significados  no indivíduo ou em grupos que buscam suas maneiras de demonstrar e de manifestar suas tristezas, alegrias, conhecimentos, dúvidas, razões e emoções. Para tanto, o ser humano utiliza seu corpo, como instrumento, para tais manifestações, vivenciando e interagindo. 



A DANÇA DE HERI MATISSE

Henri Matisse, pintor francês e grande mestre da pintura fauvista,  retratou em sua obra um grupo de pessoas que dançam em círculos; acredita-se que a ideia da composição surgiu em 1905, enquanto o pintor observava alguns pescadores a realizar uma dança de roda, a sardana, numa praia do sul de França. Diz-se também que essa obra foi uma encomenda de seu patrono, Sergei Shchuki. e que ela seria colocada em seu palácio Trubestskoy,   Apesar das cores alegres e do sentido de alegria, essa obra não foi bem compreendida por Shchuki. Apesar da negativa da crítica, Matisse concluiu seu trabalho que depois de algum tempo, recebeu o reconhecimento merecido.

 As formas simplificadas das dançarinas ocupam toda a tela, num padrão rítmico de movimento expressivo. Além disso, Matisse priorizou apenas três cores: azul para o céu, laranja-rosado para os corpos e verde para as colinas. A crítica a sua obra foi duríssima pelo fato dela está composta por dançarinos nus. Mas ela estava lá e se consagrou nas cores do artista: a dança.








A Dança na obra de Edgar Degas





 Edgar Degas, O Ensaio (1874)



Não  poderíamos falar da poesia do corpo, a dança, sem falar em dele. Degas tinha como uma de suas características a representação impressionista da dança, o ballet.  que foi eternizado por ele de diferentes formas e em  diferentes momentos. Sua obra, de uma beleza incomparável, elevou a dança do ballet ao mais alto nível de pintura impressionista. o estilo, a graça e a delicadeza da dança, com uma leveza e sensibilidade de cativar o olhar e a sensação de liberdade.


Representações da dança potiguar


Boi de Reis Pintadinho.


 Foto de Lenilton Lima




 Saindo do contexto da pintura, a dança no solos potiguares possui uma importância histórica e cultural muito grande, pois ela está relacionada com aspectos da colonização portuguesa e na mistura de culturas, portuguesa, indígena e negra. 
Passando por alguns olhares da representação das danças na pintura, hoje podemos contemplá-las em outros suportes artísticos, como as fotografias, o vídeo, o cinema, a web, os recursos se multiplicaram.  
Nesse recursos e no nosso contexto, a representação de nossa dança a dança potiguar é rica em lendas, encenações e colorido e está muito relacionada com a contação de estórias, de cantigas, da dramatização das danças populares, a exemplo, “Os Bois”, (Bumba meu boi ou Boi de Reis ou Boi Calemba), cuja narrativa é sobre a morte de um boi; "Cheganças”, que evoca os trabalhos do mar, na longínqua época das grandes navegações e descobrimentos,  dos nossos antepassados, das aventuras da colonização. E o Fandango, que remetem as narrativas de desbravamentos dos mares.


Já as danças, as mais famosas são: cocos, Bambelôs, Emboladas, Bandeirinhas e Capelinhas-de-melão e o Pastoril. Ainda existem outros tipos de dança que se caracterizam como “brincantes” ou “religiosos”.

Foto de Isaias Carlos.


O Pastoril Dona Joaquina, diante da Igreja Matriz de São Gonçalo do Amarante.
Assim, com a imagem de um dos grupos folclóricos potiguar de dança, o Pastoril de Dona Joaquina, (matéria para uma próxima publicação), para o dia 29/04/15, o dia da dança ficará marcado para mim e meus nobres amigos leitores, na comemoração dessa arte tão importante que é a dança. Feliz dia da dança, e como não poderia ser diferente, terminamos com o poema de Fernando Sabino, que diz:


No Cinema



Ainda em homenagem a esse dia: Dia da dança, escolhemos uma representação na 7a arte, o cinema, no qual indicamos o filme "Dança comigo?" ou "Shall We Dance?", que conta a história de um advogado o John Clark (Richard Gere), que passou a vida inteira dedicado a família, com uma rotina de casa para o trabalho; sua mulher, Bervely (Susan Saradon) e filhos. Um dia, na volta para casa se depara com uma linda jovem na janela (Jennifer Lopes), uma das professoras da academia de dança, Clark passa a frequentar as aulas com segundas intenções. Esse filme foi lançado em novembro de 2004, dirigido por Peter Chelsom e temo gênero a comédia romântica. Sem falar que o repertório de músicas são incríveis, assim como as danças nela apresentadas. Vale a pena conferir.

Na poesia, não poderia deixar de mencionar Fernando Sabino,

“De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!”
Fernando Sabino.                              Dayse Michelle Albuquerque.





Fontes:
CAILLOIS, R. Os jogos e os homens. Lisboa: Portugal, 1990
GORINE, Paula O. “Corpo e Meditação: trajetos para um crítica da dança”, 2009, UERJ.
HUIZINGA, J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1980.
MEDEIROS, Rostand. Tok de História. Participação Potiguar no 47º festival de nacional de folclore. 26/05/11.
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-51895/


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Lançamento do Cordel: família e lutas de Valdetário Carneiro, do poeta cordelista Marciano Medeiros.

No dia 08 de Abril de 2015, o espaço cultural Pinacoteca Potiguar - Palácio Potengi, deu lugar a mais um evento que entrou para a História da Cultura potiguar. Falamos do lançamento do Cordel do Poeta Marciano Medeiros, cuja característica marcante de sua arte é o verso biográfico utilizando como suporte artístico, o tão singelo cordel.



Marciano Medeiros escreveu "Família, sonhos e lutas de Valdetário Carneiro", em 289 estrofes em que o poeta enfatizou a trajetória de vida e morte de José Valdetário Carneiro.
Curioso como poeta, artista como escritor e astúcia de historiador, sua pesquisa transcorreu ao longo de um ano, entre idas e vindas na terra natal do personagem, Marciano contou com a ajuda generosa de amigos, família e fontes escritas na composição de sua obra. 
A história de José Valdetário Benevides, seu nome de Cartório, entretanto foi como Valdetário Carneiro que ele entrou para a História. Como sujeito histórico, conta uma outra face, além da já tão conhecida pela mídia, de uma história que por tantas vezes foi divulgada em jornais, telejornais e imprensa de um modo geral, de crimes e disputas, porém, nesse trabalho o autor procurou enfatizar não somente o que a sociedade já tem de conhecimento, mas o lado do ser humano, da história de um menino,  filho de pais religiosos, que cresceu pensando em ser artista, ator, gostava de música, foi apaixonado, tinha vocação para o trabalho e como mecânico se sustentou por muito tempo. Tinha suas virtudes, na palavra que dava e e por isso admirado.

Em 1997, porém, todo cenário de sua vida mudou e sua marcante história de crimes, do menino que queria ser ator, passa a ser encenada, não de uma forma ilusória  e transitória, nem tão pouco irreal, mas de uma saga verdadeira, real, de relações de comando e comandados, de liderança e vingança.
Valdetário, então,  foi o ator principal de sua própria história, de seu próprio romance, cumprindo assim seu destino.

O poeta cordelista Marciano Medeiros já possui um grande acervo de biografias e romances e é também integrante da Academia Norteriograndense de Literatura de Cordel. 




Tivemos também a oportunidade de estar entre os grandes nomes da cultura popular, tais como Rosa Regis, Abaete do Cordel, Dudé Viana, Gélson Pessoa, Jadinho Lima, Nando Poeta,  o artista plástico Raimundo André e Estévide Alexandre, entre outros, além dos violeiros Chicó Sobrinho e Chico Gomes que fizeram belas apresentações retratando em música e versos, a poesia descrita no cordel e dos principais cordéis de Marciano.






 





O evento também foi prestigiado  pelo prefeito de Serra de São Bento, Emanuel Faustino e a primeira dama Graça Rodrigues.




Contando também com a presença de amigos apoiadores do evento o vereador Epifânio Bezerra e sua esposa, a vice-prefeita de Várzea, Cleide Lima.





Terminamos essa matéria com um trecho de suas rimas: 

"O menino, que sonhara
no passado  ser ator, 
foi visto pelo Brasil
entre balas, sangue e dor. 
Mas era um filme real, 
feito de modo brutal, 
sem existir diretor", Marciano Medeiros.